sábado, 30 de outubro de 2010

   Mudando com o tempo

    A imagem de fundo desse blog foi tirada por mim na segunda vez que atravessei a Lagoa do Imaruí de lancha. Naquela época, nem imaginava que um dia iria depender desse transporte para poder fazer uma das coisas que mais amo.

    Praticamente todos os dias alguém se espanta com o fato de eu fazer essas viagens para trabalhar. Há tempos atrás até eu mesma me espantaria.

    Mas hoje, enquanto estou aqui na rádio trabalhando, numa tarde de sábado ensolarada, reafirmo a mim mesma que essa é apenas uma etapa da minha vida. Agradeço a Deus por ter condições de fazer isso, de ter um bom emprego, de ter o apoio das pessoas que amo.

    Como disse, houve um tempo em que eu mesma acharia que dá muito trabalho. Hora, quanto mais difícil o desafio mais prazerosa é a vitória! Como mostra aquele comercial de carro em que o rapaz troca de opinião todo instante, penso que todo mundo muda com o tempo, porque amadurece e tem novas experiências.

    Li hoje que nossa personalidade é moldada até os 30 anos. Depois disso, ela pode sofrer 10% de alteração! Portanto, enquanto estou aqui, à beira dos meus 24 anos, vou tentar me desafiar o máximo possível, para não lamentar o tempo perdido e viver intensamente. ;)

sábado, 16 de outubro de 2010


PÃO-POR-DEUS

    Houve um tempo em que o florescer do ipê era aguardado com ansiedade. A chegada dessa estação indicava que era época de aguçar a criatividade e fazer versos para as brincadeiras de pão-por-Deus. Através de cartõezinhos, geralmente em formato de coração, amigos e apaixonados trocavam alegria e amor.

    Não parece a toa que este período foi escolhido para lembrar o costume. Enquanto a exuberância das flores do ipê deixava as ruas mais agradáveis, as rimas do pão-por-Deus, humildemente, ajudavam a fortalecer amores e amizades. Ingenuamente, crianças e jovens apaixonados preservavam a cultura açoriana.

    Peço perdão aos amantes da nossa história pela ousadia de falar nesse assunto. Afinal, o pouco que sei sobre tradições como essa, foi o que ouvi da boca de alguns guerreiros com o rosto marcado pelo tempo. Sinto uma ponta de inveja de vocês, que viviam o amor romântico, mandando versinhos em formato de coração para as namoradas. E não me venham dizer, jovens leitoras desse blog, que não ficariam nas nuvens ao receber de seus amados versos como aqueles.

    Mais uma estação chega e o ipê floresce esperançoso. Enquanto nossos pequenos são estimulados a cultivar relacionamentos virtuais, ficando, assim, vulneráveis às frustrações.

    A luta pela preservação das nossas raízes tem sido abafada por aqueles que acreditam na existência de assuntos mais lucrativos. Será mais valoroso acabar com as formas de entretenimento da cultura açoriana? Quem sabe deve ser, já que para quem está no poder quando menos culto for o povo melhor. Claro, ninguém é obrigado a praticar a cultura, mas deve-se largar o preconceito às próprias origens.

sábado, 9 de outubro de 2010


    Tenho medo de que o tempo passe, a idade chegue, eu olhe para trás e descubra que não fiz o suficiente, que ainda existem muitas coisas para descobrir e viver.

    É estranho como sentimos necessidade de estar ocupados com o trabalho e com os estudos. Estranhamos quando paramos um tempo para descansar, ou quando não trabalhamos e estudamos tanto quanto antes.

    Essa sensação me preocupa, e lembra o quanto o ser humano é insatisfeito. Pessoas como eu, que vivem o trabalho, se entregam aos estudos e procuram fazer tudo com minuciosa responsabilidade, sempre sentem certo vazio quando tudo fica mais tranqüilo. Imaginamos que não estamos sendo úteis o bastante.

    Essa pode ser mais uma das consequências do mundo capitalista. Claro que eu amo ser consumista de vez enquanto! Aqui caberiam muitas discussões sobre o papel da mulher, seus novos interesses e tal. Mas talvez isso possa estar resultando nesses sentimentos.

    Nos preocupamos tanto em ter um bom emprego, em adquirir graus acadêmicos, viver confortavelmente, definir nosso espaço na sociedade que, quando tiramos férias ou diminui nosso turno de trabalho, sentimos que estamos perdendo tempo.

    Raramente resolvemos esse sentimento, pois somos moldados por aqueles que nos servem de referência a viver assim.

    Existe uma guerra da qual você só participa se quiser. Uma guerra sem muitos objetivos concretos, com conseqüências drásticas para o soldado e pouquíssimas perspectivas de ganho para o bem comum. Na maior parte dos casos é cada um por si, e dificilmente se teme a Deus. É a guerra particular por status.

    O mundo capitalista realmente nos fez dar insignificância às reuniões de família, às brincadeiras de criança... Afinal, qual o problema de passar horas cuidando de plantas, cozinhando, aprendendo artesanato, rezando, vendo o pôr do sol e tantas outras coisas que nos dão status espiritual?

    Às vezes é preciso ficar muito tempo fazendo as mesmas coisas, para entender a importância das coisas simples.

sábado, 2 de outubro de 2010


“ÀS VEZES PRECISO APENAS ME EMBRIAGAR DE SONHOS”

    Embriago-me com as músicas que não costumo ouvir. Viajo em lembranças que me fazem crescer, mas que ao mesmo tempo gostaria de não lembrá-las.

    Certas músicas, certas melodias, parecem sair tão puras das vozes e mãos de quem às compõem e cantam, que meu coração parece ficar em transe. Pode ser que se eu ouvisse essas músicas todo dia enjoasse. Mas que bom que neste instante não é assim!

    Gosto de passar momentos sozinha com a música e com a água do chuveiro. De preferência, caindo fria sobre meu corpo, para pensar sobre mim e relaxar.

    Não que eu saiba falar alguma língua estrangeira, nem que dê mais valor a outras culturas, mas é intrigante o jeito como me sinto atraída por algumas canções “importadas”. Talvez o fato de não entender o que eles estão falando e prestar atenção na melodia seja responsável por esse gosto.

    O costume às vezes nos faz pensar que determinadas coisas são sempre as melhores. Vou entrar na internet agora para ver se encontro alguma música brasileira de que gosto! E, obviamente, não vai ser nada do que a maioria das rádios costuma tocar.

    Alguém pode ficar impressionado pelo fato de eu apresentar um programa com músicas nem um pouco clássicas. Certa vez entrevistei uma cantora de MPB e ela disse, resumidamente, que o importante não é o ritmo, mas a arte.

    Cada um tem seu gosto, e o meu é bem peculiar. Ossos do ofício!!!















sexta-feira, 1 de outubro de 2010


A CULPA É DO POVO

   A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando Henrique. Agora dizemos que Lula é um manipulador. E o que vier depois de Lula também não servirá para nada. Por isso estou começando a suspeitar que o problema não esteja no corrupto que foi o Collor, ou na farsa que vivemos hoje. O problema está em nós. Nós como povo! Nós como matéria prima de um país. Sabe por quê?
  
    Porque pertenço a um país onde a " esperteza" é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais do que o dólar ou o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude, mais apreciada do que formar uma família, baseada em valores e respeito aos demais [...].
     
    [...] Pertenço a um país onde a impontualidade é um hábito, e se beneficiar da impunidade é ser inteligente. Onde os diretores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos.


    [...] Onde nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e leis que só servem para afundar ainda mais aos que trabalham, e beneficiar só a alguns poucos privilegiados e comparsas nas falcatruas. 


    [...] Essa falta de qualidade humana, é muito mais do que Collor, Itamar, Fernando Henrique ou Lula, que nunca sabe de nada. Tudo isso é real e muito ruim, e entristece qualquer um que nasceu neste país! Porque todos eles são brasileiros como nós, eleitos por nós. Nascidos aqui, não em outra parte... Não é de ficar triste?


    [...] Li o texto original de João Ubaldo Ribeiro e guardei. Esperei o tempo passar. Hoje decidi homenagear a este que é um dos maiores escritores brasileiros e pedir que ele me perdoe por ter acrescentado mais alguns dados que neste período de campanha acontecem. Sou palestrante, trabalho com conscientização e treinamento na área comportamental, e minha luta e esperança é que o ser humano melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de desentendido com o momento que de eleições que está se iniciando. 

(Enviado por Luiz Antônio Silva, palestrante da PHAROL RH.)