terça-feira, 30 de novembro de 2010

   
    Não me impressiona muito que alguém tenha tanta maldade no coração a ponto de criticar a bondade alheia. A maturidade é um presente do tempo, para que aprendamos a aceitar nossas fraquezas e compreendamos o quanto o ser humano é imprevisível. Em determinadas situações, podemos refletir inconformados, como é possível alguém agir de um modo que jamais agiríamos. E essas experiências nos fazem concluir que nesse mundo existem mais coisas do que nossa limitada consciência pode imaginar.
   
   Podemos nos sentir pequenos após depararmo-nos com situações que provocam nosso equilíbrio emocional. Se não é de nossa índole levar a vida no individualismo, na ganância, e ainda assim o mundo a nossa volta parece querer pender para esse lado, podemos nos perguntar se, na verdade, não estamos sendo tolos ao querer semear um pouco de caridade no terreno tortuoso da existência.
   
    Nesse ponto, quando nossa integridade é colocada à prova, somos incitados pelo mal a desistir de praticar o bem impulsionados pelo mais sublime dos sentimentos. E aí é que podemos nos dar conta, ou não, do grande mistério do amor ao próximo. Somente a fé em Deus pode ser capaz de abrir nossos olhos para escolhermos o que é justo e impedir que nos deixemos vencer pelos artifícios do mal.
   
    Quem sabe por isso tudo se fale tanto que amar é sofrer, que o amor é o sentimento mais difícil e menos romântico quando experimentado com a alma. Nem sempre somos fortes o bastante para permanecermos perseverantes em nossas atitudes de amor, pois nem sempre o alimentamos com a força da fé.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Quando eu era menina
Era princesa, era rainha
Fada e heroína.
Era imortal na ingenuidade.

Quando eu era menina
Corria livre naquela floresta distante...
Atravessava horizontes
nas asas de um pássaro qualquer.
Pegava carona de volta
com borboletas amarelas.

Tinha as próprias asas,
Mas, às vezes, preferia ser sereia.
Morava no fundo do mar
E fugia de repente para outro planeta.

Quando eu era menina,
Era dona do meu nariz
Até mamãe brigar.

Rabiscava nas paredes
Os desenhos mais artísticos do mundo
Usando apenas caneta esferográfica.

Construía castelos de areia
para boneco de plástico.
Quando não tinha areia,
Servia barro.

Catava conchinha,
Colecionava tampinha,
Caçava formiga;

Fazia banheira de bacia de alumínio
E milagres com um pouco de água e açúcar.
Perfume de flores,
Pra jogar fora depois.

Salvava o mundo
com espada de colher de pau.
Cantava a milhões
com microfone de amassar feijão,
E morria de vergonha quando alguém aparecia.

Usava vestido de camponesa
Corria de longo e pés descalços
Brincava de esconde-esconde
com príncipe encantado.
Podia.

Era grande e pequenina.
Quando eu era menina,
Era até menino.