Cuidado! Sou uma alienígena!
Abduzida de baladas, de banalização...
Cuidado.
Quase não mudo os sapatos.
E certas marcas?... Já ouvi falar.
Mantenho as unhas limpas, mas mantenho as unhas cruas.
Entendo-me com as cutículas, mas não muito com alicates.
Repito as mesmas frases, as mesmas calças, camisas, lembranças...
Repito até o mesmo homem.
Repito... Repito... Repito...
Cuidado! Sou uma alienígena!
Vou de linha de bordado a agulhas de crochê
em espaçonave de sonhos e telescópio,
readaptáveis com o terreno.
Devo ter vindo de Venus... Não sei.
Mas gosto de chocolate, e só largo por promessa.
Pois mesmo na pressa, rezo.
Até em lugares inusitados, mas rezo.
Cuidado! Sou uma alienígena!
Sem cabelos alisados ou disfarçados com alguma tintura cósmica.
E embora bem hidratados, vivem encaracolados e fora de órbita.
Vivo dançando sozinha, sorrindo pra natureza,
observando a perfeição e delicadeza
com que Deus desenhou as coisas simples.
Apesar da pele alva sou louca por uma praia,
uma boa caminhada, uma pousada,
uma vida ligeiramente agitada
que me sirva, no fim do dia,
para avaliar se o que ando fazendo me faz bem.
E assim vou desafiando a monotonia...
Dentro de mim, receando,
ser apenas mais um ser comum no universo de coisas no seu lugar.
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