terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

    Quem é jovem costuma fazer planos para alcançar sucesso profissional e financeiro, procurando estabilizar-se nos grandes centros urbanos. Não raro, ouve-se dizer que a vida na cidade grande proporciona mais conforto. Lembro–me que, quando criança, mudar para esses lugares parecia o único meio seguro para seguir uma profissão, com garantia de sucesso e status social.

    Os “mais velhos” contavam histórias de parentes e conhecidos bem sucedidos, enchendo a boca de orgulho para falar dos filhos, dos primos que haviam se mudado para longe. Conversas, que às vezes voltam a perturbar os pensamentos de quem cresce escutando o antigo discurso “é preciso estudar para ser alguém na vida”.

    Essas lembranças parecem ter vida própria, e escolhem sempre o momento certo de reaparecer. Assim aconteceu quando esta jornalista observava distraída a paisagem que passava pela janela do carro, admirando como a estrada contornava a encosta de um dos tantos morros da região, e as curvas das montanhas no infinito eram semelhantes à folha de papel rasgada com as mãos. Neste instante, senti uma mistura de satisfação, orgulho e liberdade, que me fizeram rezar em silêncio.

    Refleti até que ponto as artimanhas do capitalismo nos dão a falsa impressão de que a felicidade é medida através da intensidade com que alguém consome. Não será essa mais uma ilusão dessa cultura, formadora de relacionamentos de aparência, criando seres que se realizam mais material que sentimental e espiritualmente?

    Quem sabe esse seja mais um dos medos humanos, mas talvez a vida terrena seja uma só. Talvez tenhamos apenas uma chance por aqui. Pode ser melhor exercitar os pensamentos e atitudes antes de decidir buscar um sonho que não seja seu.

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