segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Momentos de contemplação

“Precisamos ter consciência de cada minuto, saber aproveitá-lo naquilo que estamos fazendo ou apenas na contemplação da vida”. Li essa frase hoje num dos depoimentos do livro A Bruxa de Portobello, de Paulo Coelho. Fazia anos que não lia uma obra desse autor, mas o livro estava guardado em uma das minhas gavetas há tanto tempo...

Certa vez uma pessoa muito ligada a mim disse que não gostava desse autor. Não explicou por que. Odeio isso, mas ainda assim fiquei receosa. E como não se pode gostar ou criticar o que não conhecemos, resolvi dar vida ao livro esquecido e deixar de ser menos influenciável pela opinião alheia.

Não gostei do livro. Mas gostei de alguns trechos. Como sempre, os livros de Paulo Coelho são repletos de frases de otimismo, espirituais, que remetem à meditação. Talvez seja por isso que uma pessoa, que se diz toda racional e realista, não goste deles. O trecho que escolhi para “refletir” tem muito a ver com as técnicas inconscientes que utilizo para vir trabalhar.


Bem, nem tão inconscientes. A cada dia que passa me dou cada vez mais conta delas. É um processo natural. Afinal, muita gente que talvez não tenha o menor bom senso, ou o senso muito comum, se espanta com fato de uma mulher jovem viajar por terra e por mar, enfrentar ventos fortes e estradas cheias de poeira e buraco para trabalhar.

Procuro não me influenciar por essas pessoas. Procuro, mas isso não quer dizer que é fácil. Travo uma batalha contra mim mesma para não começar a pensar duas vezes e usar o bom senso. Principalmente porque a frase que mais ouço é “Você não tem medo?” ou “Ah, eu não sei como você aguenta!” Em determinados momentos preciso de controle para não me deixar influenciar por essas frases cheias de espanto e condenação.

Acredito que os momentos em que viajo são excelentes para a “contemplação da vida”. Poucos têm o privilégio de olhar o mar de perto todos os dias e tentar entender o que ele quer nos ensinar. Pode estar calmo e radiante como o olhar dos apaixonados tocado pela luz do sol, áspero como a pele de um idoso vista bem de perto, revolto como as pinceladas fortes de um pintor surrealista.

A capacidade de contemplar a natureza faz você esquecer o medo e o cansaço. Deve ser um exercício diário. E essa é a melhor maneira de enfrentar os desafios e transformar cada dia em um dia único. Por mais que as coisas sejam iguais.

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