sábado, 9 de outubro de 2010


    Tenho medo de que o tempo passe, a idade chegue, eu olhe para trás e descubra que não fiz o suficiente, que ainda existem muitas coisas para descobrir e viver.

    É estranho como sentimos necessidade de estar ocupados com o trabalho e com os estudos. Estranhamos quando paramos um tempo para descansar, ou quando não trabalhamos e estudamos tanto quanto antes.

    Essa sensação me preocupa, e lembra o quanto o ser humano é insatisfeito. Pessoas como eu, que vivem o trabalho, se entregam aos estudos e procuram fazer tudo com minuciosa responsabilidade, sempre sentem certo vazio quando tudo fica mais tranqüilo. Imaginamos que não estamos sendo úteis o bastante.

    Essa pode ser mais uma das consequências do mundo capitalista. Claro que eu amo ser consumista de vez enquanto! Aqui caberiam muitas discussões sobre o papel da mulher, seus novos interesses e tal. Mas talvez isso possa estar resultando nesses sentimentos.

    Nos preocupamos tanto em ter um bom emprego, em adquirir graus acadêmicos, viver confortavelmente, definir nosso espaço na sociedade que, quando tiramos férias ou diminui nosso turno de trabalho, sentimos que estamos perdendo tempo.

    Raramente resolvemos esse sentimento, pois somos moldados por aqueles que nos servem de referência a viver assim.

    Existe uma guerra da qual você só participa se quiser. Uma guerra sem muitos objetivos concretos, com conseqüências drásticas para o soldado e pouquíssimas perspectivas de ganho para o bem comum. Na maior parte dos casos é cada um por si, e dificilmente se teme a Deus. É a guerra particular por status.

    O mundo capitalista realmente nos fez dar insignificância às reuniões de família, às brincadeiras de criança... Afinal, qual o problema de passar horas cuidando de plantas, cozinhando, aprendendo artesanato, rezando, vendo o pôr do sol e tantas outras coisas que nos dão status espiritual?

    Às vezes é preciso ficar muito tempo fazendo as mesmas coisas, para entender a importância das coisas simples.

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